Wednesday, July 28, 2004

Alfabetização Informacional

Indíce de recursos web organizados pelo professor Gomez da Universidade de Murcia. Organizado nos seguintes items:
a)Relatórios, trabalhos gerais, discussões de literatura...
b)Modelos, standards...
c)Tutoriais e formação on-line.
d)Experiências de alfabetização informacional.
e)Design de hipertexto para o ensino.
f)Educação on-line e bibliotecas.
g)Modelos educativos
h)Recursos de Informação, Revistas de TIC, bases de dados, observatórios, instituições, congressos digitais.
i)Estudos e projectos.
j)Sociedade da informação, projectos.

Thursday, July 15, 2004

Digitalização e banco de imagens

A experiência da universidade de Michigan, as regras que foram seguidas e um conjunto de indicações relevantes no que diz respeito aos metadados.

Tuesday, July 06, 2004

Sobre o "Depósito" da Internet...

Sobre o "Depósito" da Internet...
Por JOSÉ LUÍS BORBINHA
Quinta-feira, 31 de Julho de 2003
Público

A produção, armazenamento e disseminação de informação documental em meios e formatos digitais traz novas implicações aos arquivos e bibliotecas. Um dos casos mais mediáticos será o da preservação de conteúdos da Internet de objectivo interesse público, tal como referido por exemplo por José Pacheco Pereira no PÚBLICO de 17/07/2003. Essa não será a única faceta do problema, e nem todos a considerarão talvez a mais premente ou complexa. Mas sendo de fácil percepção é uma excelente referência e ponto de partida para a discussão do caso geral da preservação digital.

Na Internet, mas também em redes internas, podemos encontrar desde simples transposições digitais de objectos tangíveis, como imagens digitalizadas ou transcrições textuais de obras impressas ou manuscritas, até complexos sistemas de informação com bases de dados associadas, recursos multimédia, etc. Ainda que as soluções finais não sejam uniformes, a preservação de tudo isto tem no entanto de ser encarada de uma forma integrada, já que envolve a revisão de concepções tradicionais tanto nos planos horizontais (âmbitos das bibliotecas, arquivos e mesmo museus) como verticais (relações entre instituições, patrimoniais e outras, como criadores, utilizadores e fornecedores de sistemas; âmbito e interesse público versus privado, etc.).

Esta realidade foi percebida já há muito pela Biblioteca Nacional (BN), na sua dupla qualidade de instituição de depósito e coordenadora da Base Nacional de Dados Bibliográficos (PORBASE). O problema tem sido mesmo estudado em parcerias internacionais com outras organizações e bibliotecas, com resultados na definição de modelos, processos e normas para metadados, descrição, recolha e preservação digital. Tudo isso tem trazido reconhecimento à BN e seus profissionais, com tradução na participação regular em conferências, grupos de trabalho e até actos de consultoria para a Comissão Europeia e National Science Foundation (Estados Unidos), culminando actualmente na presidência da Comissão Europeia para a Preservação e Acesso (ECPA) e na coordenação do programa internacional UNIMARC da IFLA. Visando promover sinergias ou apenas despertar a motivação para o problema a nível nacional, tem-se tentado sempre que possível partilhar essas visões e resultados com outros potenciais parceiros, tais como os Arquivos Nacionais (AN/TT), bibliotecas universitárias e cooperantes da PORBASE, INESC, Universidade de Lisboa, ISCTE, FCCN, RTP, etc. Num encontro da ECPA, realizado em Lisboa em 25/11/2002, profissionais da BN, AN/TT e RTP redigiram mesmo um "Manifesto para a Preservação Digital", largamente anunciado e disponível em http://purl.pt/142 .

Verifica-se assim que a BN tem conhecimento e faz parte, naturalmente e há muito, de uma comunidade que em face ao problema da preservação digital partilha ideias concretas sobre que entidades depositárias deveriam existir (ou não), sobre o que deve ou pode (ou não) ser recolhido da Internet, sobre o que deve ou pode (ou não) ser depositado, sobre o que deve ou pode (ou não) ser tecnicamente feito para efeitos de registos e preservação, assim como o quê e porquê de cada "sim" e de cada "não". Perante isto, pergunta-se então porque será tão manifesta a falta de resultados concretos e consequentes em Portugal nesta área, especialmente os apresentados pela BN?

Para responder deve-se reconhecer a verdadeira natureza e essência do problema. Esta é altamente transversal, envolvendo sempre do lado do Estado, por exemplo, e seja qual for a estrutura governativa do momento, a necessidade de uma coordenação de alto nível entre vários ministérios e instituições. Em casos como o Reino Unido, Austrália, Canadá, Holanda e países do Norte da Europa, o problema foi já abordado nos parlamentos ou governos, com decisões políticas e iniciativas concretas. Nos Estados Unidos a Biblioteca do Congresso coordena há três anos um programa específico com um orçamento de cem milhões de dólares e uma estratégia para envolver outros actores tão longe quanto possível, especialmente privados ("National Digital Information Infrastructure and Preservation Program").

Em Portugal, a abordagem da BN tem sido efectuada apenas dentro do seu âmbito de competências tradicional e com os seus recursos próprios. Tendo a realidade actual da BN sido definida para o chamado "paradigma tradicional", mas estando nós perante um problema disruptivo com essa mesma realidade (tanto nos planos técnico e tecnológico como nos formais e até legais), é fácil imaginar as dificuldades encontradas em se tentar transformar nestas condições visões técnicas e estratégicas, mesmo que atempadas e correctas, em soluções concretas e estáveis. Por exemplo, não levanta problemas técnicos de maior para a BN efectuar neste momento uma cópia profunda da Internet Portuguesa (incluindo dos "weblogs"). Mas uma vez isso efectuado, como e quem assumirá a responsabilidade da organização e preservação a longo prazo dos resultados, justificando assim esse passo? Não certamente os serviços actuais da BN, já esgotados na resposta ao "paradigma impresso" (na manutenção da PORBASE e cumprimento da actual Lei de Depósito Legal).

O melhor que a BN conseguiu até ao momento foi a apresentação do caso em 2001 aos então ministro da Ciência e Tecnologia e gestor do Programa Operacional da Sociedade da Informação (POSI). O possível de conseguir nessas condições foi um projecto de apoio à iniciativa Biblioteca Nacional Digital, com uma componente importante na área do depósito digital a financiar parcialmente pelo POSI (o desejável teria sido um programa nacional, mais abrangente e consequente, mas "mais vale um pássaro na mão..."). Este projecto arrancou apenas em 2003, depois de ultrapassadas dificuldades formais inesperadas por a BN não dispor de autonomia financeira, numa mostra das dificuldades extra para uma instituição deste género que se proponha enfrentar estes problemas de forma voluntarista, sem o devido enquadramento específico. Prevendo isso, já o parágrafo final do Manifesto para a Preservação Digital dizia: "Os subscritores solicitam a todos aqueles que se sintam motivados por este manifesto a sua contribuição para a divulgação alargada do mesmo, assim como da tomada de posição pessoais, colectivas ou institucionais que se mostrem possíveis e que, no mesmo espírito, possam conduzir a resultados consequentes." Recomenda-se por isso, em complemento a este texto, uma leitura ao resto do Manifesto, e já agora também que este pedido final fosse ouvido... Por favor!

Professor do Instituto Superior Técnico, em comissão de serviço na Biblioteca Nacional

Arquivo da Internet

Jornal Público
05-07-2004

«Vários países avançam com soluções próprias para os seus sítios na Web
À Procura de Um Modelo de Arquivo da Internet
Segunda-feira, 05 de Julho de 2004

Pedro Fonseca

A França e a Inglaterra avançam para um arquivo estruturado da Web sob o respectivo domínio. Em Portugal, um ano após o apelo público de Pacheco Pereira, não há novidades.

Em Junho, a British Library iniciou um projecto a dois anos para a preservação de 6000 sítios na Web. Liderado pelo UK Web Archiving Consortium (UKWAC), o objectivo é armazenar informação válida em termos escolares, culturais e científicos disponibilizada na Internet. Este consórcio ( www.webarchive.org.ukx ) conta com a participação das principais bibliotecas nacionais e grupos de investigação.

Também em Junho, a Biblioteca Nacional de França (BNF) lançou o tema de depósito legal do domínio .fr. A conservação da Web é um "quebra-cabeças" para qualquer arquivista, como referia então o diário francês "Libération", com o constante aparecimento, actualização e morte de tantos documentos. Em entrevista a este jornal, Jean-Noël Jeanneney, presidente da BNF, referia que a discussão sobre este assunto terá lugar na Assembleia Nacional no Outono, quando for abordado o projecto de lei relativo aos direitos de autor e direitos conexos na sociedade da informação.

Para já, salienta, é necessário definir "critérios selectivos", exemplificando que a Austrália armazena extractos dos conteúdos dos sítios na Web, enquanto a Suécia "fotografa" o conjunto dos seus sítios com intervalos regulares desde 1997 e outro países "privilegiam o depósito voluntário". Pelo seu lado, o presidente da BNF quer experimentar uma colecta temática de sítios, o registo de todo o domínio .fr usando a tecnologia sueca e ainda o depósito de certos sítios (para o que já existem dezenas de acordos), que não deverá ser obrigatório mas estimulado junto dos actuais 250 mil endereços, com cerca de 100 milhões de páginas (ver experiências actuais em www.bnf.fr/pages/infopro/depotleg/dli_intro.htm ).

Mas não sendo obrigatório, este depósito poderá funcionar em termos de memória futura? "A exaustividade já era impossível para o audiovisual", lembra Jeanneney. "Se não podemos guardar tudo, podemos esperar conservar o essencial para que o nosso tempo seja inteligível para as gerações futuras".

Mas a França não olha só para a sua estrutura cultural. A BNF foi também a dinamizadora, em 2003, da criação do International Internet Preservation Consortium (IIPC), um consórcio internacional de bibliotecas nacionais. Entre os seus objectivos, explicitados em Maio passado ( http://netpreserve.org ), contam-se o trabalho cooperativo tendo em conta os quadros legais nacionais, para identificar, desenvolver e facilitar a criação de soluções para a recolha e a preservação de conteúdos, facilitar a cooperação internacional entre arquivos e a sensibilização internacional para novas iniciativas.

O IIPC conta com as bibliotecas nacionais da Austrália, Canadá, Dinamarca, Finlândia, França, Islândia, Itália, Noruega, a British Library, a Suécia e ainda a Biblioteca do Congresso e o Internet Archive, ambos nos EUA. Portugal não está presente nem foram ainda divulgados quaisquer projectos neste sentido, apesar de, há cerca de um ano, o então eurodeputado Pacheco Pereira ter apelado nas páginas do PÚBLICO para "O 'Depósito Obrigatório' da Internet Portuguesa".

Escrevia então que "uma parte muito significativa do retrato do Portugal contemporâneo perde-se todos os dias sem apelo nem agravo: a Internet portuguesa". Salientando que "guardamos e bem os jornais de paróquia, perdemos e mal as páginas pessoais, os fanzines obscuros, as revistas electrónicas, os blogues apagados, os 'sites' de futebol, os locais de raiva e paixão, 'hobbies' curiosos, páginas que duram a brevidade de uma campanha eleitoral, elogios e insultos (mais os insultos) nos 'newsgroups', 'chats' estudantis com linguagens únicas, grafismos de 'pastiche', mas reveladores de um gosto ou de escolhas de imitação, músicas experimentais, primícias literárias, obsessões, cultos, etc., etc."

Isto apesar de "o Portugal que fala na Internet [ser] apenas uma parte do Portugal contemporâneo, uma parte muito reduzida, com acesso ao computador, socialmente muito definida, em grande parte urbana e juvenil". "Mas a sua voz mostra-se na Internet como em nenhum outro lado, numa altura em que cada vez há menos cada uma destas coisas em papel. E, se não se pode conhecer a vida de uma aldeia ou vila pequena sem o jornal local, mesmo que se fique pelas notícias de formaturas (em desuso a não ser nos jornais de emigrantes), casamentos ou necrologias, também será difícil perceber os nossos dias sem a Internet portuguesa".

Pacheco Pereira afirmava que "a blogosfera devia ter um "depósito obrigatório" imediato. Os blogues, enquanto formas individualizadas de expressão, originais e únicas, são uma voz imprescindível para se compreender o país em 2003. Eles expressam um mundo etário, social, comunicacional, cultural, político que, sendo uma continuação do mundo exterior, tem elementos 'sui generis'" - sendo "um bocado como a correspondência nos séculos XVIII e XIX, uma rara fonte para um reverso da história institucional oficial ou dos seus avatares".

E finalizava Pacheco Pereira perguntando: "Quem guarda os CD-ROM, quem guarda os discos alternativos, quem guarda os fanzines, quem guarda os panfletos políticos e a parafernália dos objectos de campanha, quem guarda os arquivos digitais, quem guarda a Internet portuguesa? Ninguém, diz o romeiro".»